quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Monte Roraima: Introdução a um Relato



Viajar é uma experiência cercada de magia. Você pesquisa na internet sobre os lugares que deseja conhecer, entra em contato com pessoas que já os visitaram, pede dicas, tira dúvidas. Mas nada se compara ao momento em que adentra o portão de embarque, dá o último abraço em quem foi te levar, e finalmente percebe que a viagem está se tornando realidade.

Aí você espera aquelas horas que parecem eternas, o avião pousa e aos poucos tudo o que fazia parte apenas da imaginação vai se materializando diante dos seus olhos. Mais do que isso: os cheiros, sons, cores, texturas, vão te envolvendo a cada lugar visitado, a cada passo dado em solo estranho, a cada nova pessoa que quebra o gelo do estranhamento com um sorriso, ainda que tímido.

A viagem pela Venezuela foi uma experiência muito especial. O primeiro motivo foi o seu grande objetivo, que desde o início não era a Venezuela em si, mas sim subir o Monte Roraima. Como já relatado em post anterior, desde 2008, quando estive a trabalho em Roraima, e soube da existência daquele majestoso platô, que alimentava o desejo de conhecê-lo. Só que, apesar do nome, o ponto de partida das expedições para chegar a ele é a pequena cidade de Santa Elena de Uiarén, no estado venezuelano de Bolívar, fronteira com o Brasil.

O segundo motivo é que foi a primeira viagem maior que fiz sozinha. Já havia viajado outras vezes sozinha, mas no máximo em períodos de feriado de quatro dias. E quando digo sozinha, não é que necessariamente a realizaria completamente sozinha durante todo o percurso. A questão é que todas as pessoas com as quais eu iria conviver seriam pessoas que eu viria a conhecer durante a viagem, não tendo conhecimento prévio de nenhuma delas.

Foi muito interessante observar o estranhamento das pessoas sobre isso, antes e durante, que se intensificava pelo fato de a viagem pegar justamente o dia do Reveillón. De forma mais evidente ou subliminar, quase todos com quem compartilhei minha empreitada consideravam no mínimo esquisito uma pessoa optar por passar essa data com desconhecidos. Mais esquisito ainda (seria ingenuidade minha não supor), em se tratando de uma mulher. Algumas que conheci durante a viagem diziam me considerar corajosa por decidir fazer uma viagem daquele tipo sozinha.

Sobre o fato de viajar sozinha, sempre naturalizei a solidão. Amo estar com pessoas, dividir momentos, mas quando estou só também vivencio cada momento em plenitude, até mesmo porque acredito que nunca estamos completamente sós. Se não tenho ninguém conhecido ou familiar por perto, simplesmente deixo fluir o impulso humano tão natural do relacionar-se, e me mantenho aberta para criar laços com quem se dispuser a me deixar entrar em sua vida, seja de forma passageira, ou mais duradoura.

Nessa viagem especificamente, no entanto, foi um desafio particular viajar sozinha, principalmente pelos obstáculos de ordem física que encontrei. A verdade é que, no impulso de realizar um sonho, o que imaginava ser possível desde que algumas condições, principalmente de ordem financeira, se configurassem, não dei a devida atenção à preparação física necessária para vencer o desafio.

Não que eu estivesse sedentária – pelo contrário, vinha cumprindo uma rotina de ir à academia de 4 a 6 vezes por semana – mas talvez pela escolha não muito adequada dos exercícios, pelo menos para o nível das trilhas que eu enfrentaria, ou pelo tempo que talvez não fosse o suficiente, ou mesmo pela própria singularidade do meu corpo (na verdade, embora não estivesse sedentária, nunca tive um histórico de ser muito assídua em atividades físicas, e talvez isso influencie de alguma forma), confesso que para mim foi EXTREMAMENTE DIFÍCIL realizar o sonho de conhecer o Monte Roraima.

Não digo isso para desanimar aqueles que estão iniciando no universo dos trekkings e que especificamente têm o mesmo desejo que eu tinha, de conhecer esse lugar mágico. É exatamente o oposto: se tem esse desejo, siga firme, mas não subestime o desafio. Dimensione bem suas limitações e trabalhe firme para minorá-las, pois a preguiça prévia não necessariamente tem um preço impossível de se pagar, mas pode te privar de aproveitar de forma mais plena a sua experiência. No entanto, tenha a certeza de que, independente do que ocorrer, dependerá em grande parte de VOCÊ torná-la uma experiência mágica e inesquecível!

Só para fechar essa introdução, digo que esse relato também se trata de uma experiência piloto minha de relato de viagem, e está sendo impulsionada tanto pelo desejo de incentivar ou ajudar outras pessoas, quanto pelo gosto de escrever, que há muito não movimento. Não tem uma forma pré-concebida, mas esclareço que trará muito de minhas impressões e da minha visão de mundo sobre tudo o que vivi, pois é a forma como gosto de escrever.

Se você quiser obter dicas ou informações gerais para sua viagem de forma mais objetiva, portanto, vá direto ao post xxxx, que redigi justamente pensando naqueles que têm o intuito de subir o Monte Roraima nas mesmas condições que eu ou em condições parecidas e querem obter mais detalhes de quem já esteve lá. Claro que o recorte também será aquilo que eu vivenciei e o que considerei importante destacar, por isso minha maior dica é: leia, pesquise, informe-se, nas mais variadas fontes!

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